segunda-feira, 22 de novembro de 2010

1984 - A Primeira Viagem

Sábado, 07/07/1984. Início da BR-116, Via Dutra, Rio de Janeiro-RJ. E pensar que para esta viagem tínhamos apenas U$ l80,00 para passar cinco meses viajando de carona pelo sul do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e Peru. Superar o inverno nas Cordilheiras dos Andes, de até 20 graus negativos, com agasalhos para o inverno carioca. Realmente viajamos naquela época apenas com a "cara e coragem" e assim comprovamos que a felicidade não se compra, se conquista, que tudo é possível, basta querer.


       Decidimos que não traçaríamos roteiros ou metas a serem seguidas. Começamos a viagem apenas com a certeza que estávamos indo para o sul, pegávamos carona sem a preocupação de onde e quando chegaríamos. Se víamos ou ouvíamos alguma coisa interessante sobre algum lugar, isso era o suficiente para desviarmos do curso que estávamos seguindo e assim viajamos literalmente "easy rider".

       Na ocasião nem se cogitava a invenção de máquinas digitais e a nossa era muito limitada, sem contar que não tínhamos dinheiro para comprar filmes fotográficos, razão pela qual não temos muitas fotos para postar neste arquivo, sem contar que algumas deterioraram com o passar do tempo, mas as poucas que aí estão são o suficiente para que se tenha uma idéia do que foi aquela inesquecível viagem.

Ponte da Amizade, fronteira Brasil-Paraguai. Entramos no Paraguai e aproveitamos para comprar um walkman com fones para duas pessoas, o máximo de tecnologia para época, sendo que compramos com um "camelô" (camelô no Brasil é um tipo de vendedor ambulante não legalizado e que não oferece nenhuma garantia do que comercializa), foi um risco comprar o produto com um "camelô, afinal não era só um "camelô", era um "camelô paraguaio" me oferencendo um "walkman chinês", para complicar ainda mais aquele "camelô" era um rapaz com cerca de 25 anos que falava demais e que não parava de sorrir, sendo que aquele sorriso parecia dizer: "eu sou um golpista e vou tomar o seu dinheiro, mas o preço do walkman com ele era quase a metade do preço dos que eram vendidos nas lojas. Conferimos a mercadoria e, para nossa surpresa, o aparelho funcionou muito bem. Diante da nossa realidade financeira resolvemos arriscar, pagamos e fomos saindo quando aquele "camelô" me ofereceu maconha, ali ele se revelou ser mais que um "camelô paraguaio", ele era um "camelô paraguaio traficante", imediatamente respondi que não, mas ele com seu largo sorriso, insistiu dizendo que lá era tranquilo, que eu poderia fumar maconha a vontade que a polícia não me incomodaria. Respondi mais uma vez que não e, quando vi que ele continuaria insistindo, menti dizendo: "meu pai é policial federal, trabalha logo ali na fronteira." Pela primeira vez o sorriso sumiu e ele rapidamente disse: "não sou eu que vendo, apenas escutei falar que vendem, mas não sei quem e onde vendem". Aproveitamos para livrarmos daquela "figura" e fomos embora em paz.

Mônica na fronteira Argentina-Paraguai.

Mônica e a simpática família Raggi, balneário Huerta Grande, La Falda, Córdoba-Argentina.

Williams e German Raggi.

Córdoba-Argentina. Juan Bautista Belis e seu Ford 1930 com o qual ele viajou na década de 70 até a cidade do Rio de Janeiro

Teleférico em Cosquim, Córdoba-Argentina.

Mônica na companhia de Francisco Calvo e sua família que nos receberam com muito carinho em sua casa. Mendoza-Argentina. Na ocasião assistimos naquela cidade a estréia do filme "Indiana Jones e o Templo da Perdição". 

Mônica na companhia de Fabiana Guardia e Maria Fenolar. Mendoza-Argentina.

Detalhe na foto o walkman que ainda estava funcionando e perfeitamente. Neste parque fui abordado por argentinos que iriam jogar uma partida de futebol e, ao saberem que era brasileiro, me perguntaram se gostava de jogar futebol e em qual posição, respondi que sim e que jogava como centro avante, pronto foi a senha para me disputarem, nunca fui bom de bola, mas diante da disputa pelo "meu passe" me senti o "Pelé" e menti dizendo que era bom de bola, diante dessa resposta só faltaram sair na "porrada" pelo meu passe. Inicia o jogo e nada, meu time perdeu e não fiz nenhum gol. Agora quem tinha um sorriso largo era eu. Eles entenderam a gozação e levaram na esportiva.  
Primeira visão das Cordilheiras dos Andes. Devido as proximidades das cordilheiras, o frio já era intenso e na manhã deste dia fiz uma fogueira para fazer um café e aproveitamos para nos aquecer um pouco, ocasião em que mônica, na tentativa de aquecer seus pés, acabou queimando um pouco a sola de seu tênis enquanto apoiava seus pés por sobre a fogueira.
Bariloche, Argentina. Nesta localidade colocamos em prática uma técnica para suportar melhor o frio com agasalhos brasileiros. Forramos praticamente todo nosso corpo com jornais. Jornais entre as meias. Calças de malhas sintéticas onde enrolávamos jornais por cima, fixávamos os jornais com meias calças para que os mesmos não caíssem e em seguida vestíamos calças jeans por cima. O mesmo fizemos no tronco e braços, conseguindo assim suportar muito bem o frio intenso nos dois dias de travessia das Cordilheiras doa Andes.

 Fronteira Argentina-Chile, Cordilheira dos Andes.

Cordilheiras dos Andes, travessia Bariloche-Argentina para Osorno-Chile, já no lado chileno. Foto retirada da janela de uma imensa carreta, um Mack americano com 30 toneladas de carga. Passamos noite anterior na fronteira Argentina-Chile, não armamos barraca e dormimos dentro da cabine da carreta, que tinha aquecimento, pois a temperatura externa chegou a 20º negativos e além disto policiais chilenos nos alertaram que existiam muitos pumas na região e que durante a noite aqueles grandes felinos aproximavam muito dos postos aduaneiros e, apesar de não existir relatos de ataques a seres humanos de pumas ali naquela localidade, talvez devido a grande movimentação de pessoas, fomos alertados para não dormirmos em barracas. Para ilustrar melhor o que falou, um dos policiais nos levou poucos metros atrás do prédio da aduana e ali nos mostrou imensas pegadas do felino na neve. Hoje encontramos a estrada muito boa, toda asfaltada, mas na época a estrada era muito ruim, de terra e estreita, na foto à direita uma parede de neve e gelo com quase dois metros de altura, à esquerda abismos. Na ocasião autoridades argentinas e chilenas pediam pelos meios de comunicação que evitassem a travessia das cordilheiras naquele rigoroso inverno, devido ao perigo de muitas avalanches que estavam ocorrendo, sendo que a travessia entre as cidades de Mendoza e Los Andes estava interditada, devido a uma avalanche que destruiu  todo prédio da aduana chilena. Recordo que o motorista me explicou que teriam que fazer a viagem, em muitos trechos como este, em primeira marcha, para evitar perda de controle do veículo devido a muito gelo e lama na estrada, mesmo estando o  pesado veículo equipado com correntes em todas as rodas, procurando com isto evitar um acidente e caírmos abismo abaixo. Diante desta narrativa respondi que distrairia minha mente curtindo o lindo visual à direita, formado pelas florestas forradas de neve montanha acima, ocasião em que aquele motorista  joga um "balde de gelo na minha curtição", dizendo que aproveitasse e fosse rezando para não vir nenhuma avalanche.
Ainda nas cordilheiras, já próximo de Osorno-Chile.

Nós, o amigo Juan Martinez Provoste e seu cão "Pirulo Loco". Jamais esqueceremos o carinho com que ele e sua irmã Juana nos receberam em sua casa. La Calera-Chile.

Mônica com a família Ponce Bravo. Outra família que também nos recebeu com muito carinho, jamais esqueceremos o carinho que estas duas famílias, Ponce Bravo e Martinez Provoste, nos receberam. A cada um de vocês o nosso muito obrigado e uma certeza: te amamos muito. Hijuelas-Chile.

Antofagasta-Chile.

Antofagasta-Chile.

E Chegamos no Perú. Na foto ao lado eu, Mônica e as filhas do casal Chavez Berrios, Mariela e Claudia Berrios. Cidade de Tacna-Peru. Chegamos naquele país com a idéia fixa de ir para Machu Picchu, afinal pela obras arquitetônicas e pela localização geográfica, Machu Picchu é considerada Patrimônio Mundial e nós queríamos conhecer aquela cidade construída pelos incas, povo que construiu um império que se estendeu da Colômbia ao Chile, mas que teve seu centro em Cuzco-Perú, mas naquele ano de 1984, ouvíamos pelos meios de comunicação relatos de órgãos oficiais do governo peruano de que a guerrilha do Sendero Luminoso cresceu, espalhando pela selva e pelas periferias das cidades com enormes violações dos direitos humanos e grande número de mortes, por outro lado também escutávamos relatos que para o Sendero Luminoso, o Estado Peruano era ditadura de latifundiários feudais e grandes burgueses com apoio do imperialismo norte-americano. Esse Estado se sustentaria pela violênciae frente a esta, o povo, organizado em torno do Sendero, deveria responder na mesma moeda, através da violência. Na ocasião não existia internet e as informações eram muito limitadas, não sabíamos com certeza até onde aquelas informações e contra-informações eram verdadeiras e, se fossem, até onde havia exagero ou não, além disto não tínhamos recursos para pagar excurções ou guias para chegarmos de maneira rápida e segura até Machu Picchu, razão pela qual concluímos que seria um risco seguir de carona em direção a Machu Picchu, quando as únicas informações que tínhamos diziam que evitássemos viajar por aquela região. Foi decepcionante, mas tivemos que ser sensatos e não fomos para Machu Picchu. Agora, na nossa atual viagem, mais uma vez deixamos de ir a Machu Picchu, pois tivemos que interromper a viagem ainda no Chile e retornar para casa por causa dos problemas físicos de Mônica. Eu acredito que na vida nada é por acaso, tudo tem um por quê. Nosso momento vai chegar e chegaremos lá.

Mônica ao lado do Sr Orrego e das sua filhas Sandra e Ylen e sua neta Daet. Lima-Peru.

Ylen e sua filha Daet em Huncayo-Peru.

Deserto do Atacama, cidade de Arica-Chile.
Los Andes-Chile.

Los Andes-Chile.

Cães do Sr Herrera, Los Andes-Chile.

Cordilheira dos Andes, fronteira Chile-Argentina.

Mônica e Raul. Túnel Cristo Redentor, localizado no alto das cordilheiras dos andes, fronteira Chile-Argentina.

Mônica e Raul, Av San Martin, Mendoza-Argentina. Chegamos em Mendoza no final da tarde, Raul disse que iria dormir na casa de seus pais e ofereceu seu confortável apartamento para passarmos a noite. Aceitamos, mas fiquei incomodado, afinal nos conhecemos na manhã daquele dia e ele estava nos confiando o seu apartamento e só voltaria na manhã seguinte. Ele simplesmente disse que confiava, me entregou as chaves e foi ver seus familiares, voltando somente na manhã seguinte. Tomamos café juntos e seguimos viagem. Nunca vou esquecer isto, foi uma prova de amizade e confiança muito grande. Gostaria muito de revê-lo, mas não tivemos mais contato e não consegui localizá-lo pelo internet.
Estou voltando para casa. Fronteira Argentina-Brasil, ao fundo a cidade de Uruguaiana-RS.

Informações para viajantes

DICAS DE VIAGEM
Da compra do carro até sair de viagem foram cerca de seis meses nos preparando, procurando com isto retirar o maior proveito da viagem e minimizar ao máximo os problemas. Valeu a pena. Agora começaremos a digitar a nossa experiência, que estará sendo sempre atualizada. Gostaríamos da sua participação com suas opiniões e sugestões, independente se você já fez ou não uma viagem como esta, pois pretendemos seguir em novas aventuras e, se possível, até maior que estas e uma pequena e simples sugestão pode fazer uma grande diferença. Se você já fez uma viagem como esta, publique o seu comentário colocando suas experiências, nós agradecemos e muito, afinal suas experiências também poderão fazer a grande diferença em nossa próxima viagem. Se precisar de alguma informação que não conste no Blog, publique a sua pergunta, não esquecendo de colocar o seu e-mail, que teremos o maior prazer em responder ou, se quizer, pode direcionar suas perguntas diretamente para o e-mail willrolim17@yahoo.com.br

O Carro
Viajar com o próprio carro tem suas vantagens como estar na intimidade de sua família, ir para onde quizer, quando quizer, parar para fotografar quando quizer, mas para isto é bom lembrar que é bom estar com o veículo com a documentação em dia, segurado, revisado, procurar saber antecipadamente se pelo trajeto encontrará peças para a marca e modelo do seu carro, assim com serviços. Nós levamos peças para freios, rolamentos, elétrica, ignição, cabos, suspensão e correias, pois já tinha informação que na Argentina não teríamos problemas, mas no Chile, caso precisássemos, haveria dificuldades para encontrar peças para volkswagem modelo parati.
Procure revisar o carro a cada 5.000 quilômetros, você mesmo pode fazer isto quando for trocar nesta quilometragem óleo motor, sendo que não aproveite o filtro de óleo e o troque também, não é bom misturar resto do óleo antigo com o novo, principalmente quando falamos de óleos sintéticos. Verifique o nível do óleo de caixa e ali aproveite que vão levantar o seu carro no elevador elétrico para verificar se existe qualquer vazamento de óleo e/ou fluídos pelo motor, caixa de transmissão e rodas. Aproveite também para verificar o estado das pastilhas de freio.
Outra coisa importante é alinhar o veículo a cada 5.000 quilômetros, vale a pena gastar muito pouco e preservar seus pneus que são muito caros. Pneus são fabricados para durar, em média, 50.000 quilômetros, mas podem durar muito menos se o alinhamento e balanceamento não estiverem em dia. Não esqueça do rodízio dos pneus, mas isto é aos 15.000 quilômetros.
Para evitar aborrecimento com prestadores de serviços que possam querer cobrar mais caro só pelo fato que você é turista, procure levar consigo uma tabela de serviços, pois em média os preços são muito parecidos em qualquer lugar do mundo e tendo esta tabela , uma pequena calculadora e um bom "choro", você evita pagar caro por serviços automotivos. Um exemplo disto foi nos 14.200 que rodamos, apenas uma vez precisamos parar o carro e foi para trocar um rolamento de roda traseira que vinha roncando. De início me cobraram $ 200 pesos argentinos, argumentamos que no Brasil trocamos por cerca de $ 70 pesos. Conversa vai, conversa vem e conseguimos trocar o rolamento por $ 100 pesos.
Os policiais rodoviários Argentinos cobram muito a apresentação do Seguro Carta Verde, seguro para o veículo obrigatório, é um seguro para terceiros e que custa em média U$ 80,00 por mês. Este seguro você pode fazer pela seguradora de sua preferência ou até mesmo em agências do Banco do Brasil mais próximas das fronteiras. Nós preferimos antecipar e iniciamos a viagem com o seguro em mãos, não queríamos arriscar em encontrarmos alguma burocracia na hora de atravessar a fronteira, apesar de ter conhecido antes da viagem um brasileiro que disse ter feito o seguro numa agência do Banco do Brasil em Uruguaiana-RS e foi tudo muito rápido.
A legislação de trânsito argentina e chilena exige que você conduza seu carro com os faróis baixos ligados mesmo durante o dia, exigindo ainda, além do que é exigido pelas leis de trânsito do Brasil, que você tenha disponível no carro 2 triângulos, kit primeiros socorros, cambão, mortalha (lençol branco), velas e fósforos.

CNH Internacional
Documento de uso obrigatório, conhecido oficialmente como Permissão Internacional para Dirigir Veículo, PID, mas que em nenhum momento nos foi cobrado.
A sua obtenção é simples e rápida, mas no Estado do Rio de Janeiro só é possível retirá-la no Detran da Av Presidente Vargas, Centro, Rio de Janeiro. Basta você pagar o DUDA correspondente no bando Itaú e agendar através de telefonema para o Detran, 0800. Dá entrada num dia e pega no outro. A validade e categoria é a mesma que consta na sua CNH nacional.
GNV
Na Argentina o bico da bomba de abastecimento de GNV, lá eles falan GNC, é maior, razão pela qual você precisa adquirir um bico adaptador para abastecimento. Deixamos de comprar via internet para comprar na Argentina e arrependemos, pois não achamos e tivemos que modificar o sistema de entrada do nosso carro, que acabou nos dando problemas quando retornamos para o Brasil, portanto, se possível, adquira antecipadamente o seu bico adaptador.
Os carros licenciados para GNV na Argentina, possuem um adesivo que vai fixado no para-brisas do carro, adesivo esse que eles chamam de "oblea" e que os frentistas argentinos sempre cobram pela oblea. Somente em dois postos da rede YPF que não conseguimos abastecer, mesmo mostrando a nossa licença e explicando que no Brasil não existe oblea fixada no para-brisa, no mais conseguíamos abastecer apresentando a nossa licença, apesar que passamos a dar preferência em abastecer GNV nos postos de redes menores e em cidades do interior, pois os frentistas são mais gentis e menos intransigentes com relação ao uso da oblea.
Na Argentina pela costa leste, você encontra GNV até a cidade de Comodoro Rivadávia, daí para o sul não tem mais abastecimento de GNV, mas desta cidade se for para Bariloche via Sarmiento, você encontrará abastecimento de GNV, mas não se preocupe caso não encontre GNV, pois a gasolina Argentina é muito boa e muito barata. O meu carro é um Volkswagem Parati Trackfield motor AP 2.0 equipado GNV com cilindro de gás de 15 metros cúbicos, isto é, um motor que não é muito econômico, ainda mais com o peso de tanques de gasolina e gás sempre cheios, somando a isto o uso constante do ar condicionado. No Brasil este carro faz em média 10.5 quilômetros por litro de gasolina. Na Argentina eu fazia em média 15 quilômetros por litro, isto porque a gasolina deles é muito boa, não tem álcool como a brasileira e nem é "batizada com solventes".
Se for viajar de carro com GNV no inverno para o regiões com temperaturas próximas de zero graus, providencie o aquecimento do GNV pelo sistema de arrefecimento de seu veículo, pois caso contrário o GNV pode congelar no sistema. Você pode deixar a instalação pronta antes da viagem, mas só acione o aquecimento do GNV nestas localidades com clima próximo de zero graus, pois o consumo de GNV aumenta muito se você o aquecer em localidades com clima quente.
As Estradas
As estradas e respectivas sinalizações na Argentina, fazendo uma classificação de ruim a excelente, nos classificamos, de um modo geral, as estradas Argentinas como boas mas com sinalizações regulares. Em Buenos Ayres constatamos que as sinalizações atendem muito bem a quem mora na cidade, mas quem vem de fora, até mesmo argentinos, vão ter dificuldades, pois as sinalizações só indicam avenidas e bairros locais, não indicando as saídas para as rodovias e/ou outras cidades, dificultando bastante o deslocamento.
A rodovia 14 que liga Paso de Los Libres a Buenos Ayres está com muitos trechos em obras, dificultando em muito a viagem.
Vale lembrar que turismo é o maior investimento no mundo, sendo que ninguém consegue fazer turismo se não tiver como chegar, é o ítem número um para uma cidade que quer explorar o turismo, então não dá para endender como nos dias de hoje países da América do Sul ainda perdem muito por não cuidarem melhor de suas estradas, portos e aeroportos.
No Chile classificamos a rodovia panamerica 5 e sua sinalização como muito boa, destacando que esta estrada de Osorno até La Calera, cerca de 100 km acima de Santiago, não passa por dentro de qualquer cidade, não obrigando você a perder tempo com lugares que você não quer passar e ficar parando em semáforos e engarrafamentos locais, além disso essa estrada possue excelente serviços como estações de serviços gratuitas com banheiros limpos, banhos com água quente, wi-fi e segurança particular. Nos postos de combustíveis da rede Copec você encontra tudo isto assim como restaurantes, lanchonetes, lavanderia, lan house, etc. com preços baixos. Podemos disser, de um modo geral, que o Chile está bem a frente do Brasil e Argentina no que se refere a estradas.

Dinheiro
Na Argentina assim como no Chile você pode sacar dinheiro em vários bancos ou caixas eletrônicos, mas não esqueça de comunicar, previamente, o seu banco e a operadora do cartão de crédito.
É claro que em viagem por qualquer país do mundo você sempre tem que ter dinheiro  em espécie em mãos do país onde você está, sendo que no Chile você pode usar seu cartão para efetuar pagamentos na maioria dos estabelecimentos comerciais, mas na Argentina ainda existem vários estabelecimentos, como postos de combustíveis e alguns hotéis que não aceitam pagamento com cartão de crédito, real e nem mesmo em dólar e, como eles falam, "somente pagamento efetivo", portanto, para evitar problemas durante a viagem pela Argentina, procure sempre ter uma quantia a mais de pesos argentinos na carteira.

Fotografia
Já que pensa em viajar por localidades tão lindas, com paisagens extonteantes surgindo a cada momento, a viagem pede então uma boa máquina fotográfica, podendo ser uma semi-profissional, mas fácil de usar e com bons recursos. No mercado você acha ótimas marcas semi-profissionais por cerca de U$ 500,00.
Não esqueça de levar um cartão de memória reserva, bateria reserva e carregador de bateria bi-volt automático e automotivo, isto é muito importante, pois presenciamos pessoas embarcadas no glacial de Perito Moreno reclamarem na última hora que não poderiam fotografar porque a bateria estava descarregada ou porque a memória já estava lotada.
Leve também um notebook e aproveite que tanto na Argentina como Chile você encontra wi-fi aberta não só nos hotéis e pousadas como também em postos de gasolina, praças públicas, etc.
Procure sempre baixar as fotografias não só no seu notebook, como também num pendrive, seu site, blog e/ou e-mail. Não corra o risco de seu notebook "travar" e você perder todas as fotos.
Segurança
Tanto na Argentina como no Chile você sente que está em países seguros, mas não relaxe, pois conhecemos brasileiros que tiveram seu motorhome arrombado e furtado na cidade de Bariloche, um dos ocupantes do motorhome teve sua máquina fotográfica e cartões de memória furtados. Foi um contato rápido que tivemos com eles num posto de combustível logo que entramos na Argentina e não sei se ele salvou em algum arquivo as fotos de sua viagem, espero que sim. Por isto sempre procuramos deixar o carro em estacionamentos fechados e sempre nos hospedamos em hotéis e pousadas com garagem própria.
Vestuário
Se for visitar o sul da Argentina, sul do Chile e Cordilheira dos Andes, não deixe de levar bons agasalhos, pois mesmo no verão as temperaturas podem cair muito de uma hora para outra e o melhor é estar preparado.
É bom levar também um bom estoque de camisetas, meias e peças íntimas, pois não é em qualquer lugar que se acha lavanderia e, como não ocupam muito espaço e como são leves, aproveite e leve várias peças aumentando assim a sua autonomia no seu vestuário.

Alimentação
Exceto frutas e carnes, as aduanas e fiscalizações sanitárias não se incomodan se você estiver levando refrigerantes, água, pães, biscoitos, queijos, café, açúcar, leite em pó, chocolate, então aproveite se quizer levar produtos como esses. Nós levamos uma geladeira portátil da black&decker que funciona a bateria, levamos também um adaptador bi-volt automático para ligar essa geladeira nos quartos quando não tinha frigobar, sendo que mantínhamos dentro dessa geladeira gelo químico que melhorou ainda mais o seu funcionamento. Foi um ótimo negócio comprá-la, assim tínhamos alimentos como queijo, frutas e outros conservados e bebidas geladas.
Particulamente nós gostamos muito de café e na Argentina e Chile o café não que seja ruim, mas tem sabor diferente e que não nos agrada, além de ser caro. Eles não tem hábito de beber tanto café como nós brasileiros, eles consomem mais é a erva mate deles. Um cafezinho na Argentina pode custar até R$ 4,00. Portanto uma saída para diminuir os gastos é você levar o seu pó de café ou nescafé, assim como qualquer outro produto de sua preferência, já que as aduanas não são tão exigentes com alimentos em geral, exceto frutas e carnes.
Serviços
A América Latina ainda não entendeu a força do turismo. Assim como no Brasil, os serviços na Argentina e não são bons. No Chile é um pouco melhor, mas pode e deve melhorar também. Nas fronteiras as aduanas estão equipadas com computadores visivelmente ultrapassados e funcionários despreparados para receber turistas. Um serviço burocrático que retém você muito tempo, às vezes exposto ao frio ou ao calor para um simples carimbo. Levamos cerca de 50 minutos para entrar na Argentina por Uruguaiana, cerca de uma hora para entrar no Chile por Osorno, cerca de uma hora e meia para entrar na Argentina novamente pelo Túnel Cristo Redentor e duas horas para entrar no Brasil por Uruguaiana. Isto porque demos sorte em passarmos nestas aduanas em dias de pouco movimento, pois nos dias de grande movimento as coisas complicam e você pode levar muitas horas. Em nenhuma dessas aduanas fomos recebidos com simpatia e educação. Acho que as pessoas que ali trabalham deveriam ser selecionadas para tal, recebendo o turista com muita simpatia, afinal todo turista está financeiramente bem, caso contrário ele não viajaria. Outra coisa é que todo turista normalmente está feliz, pois está de folga, férias licença ou aposentado. Em resumo, você está recebendo um turista que é um cliente feliz, não é um cliente que está comprando remédio porque está doente, não é um cliente que está comprando peças por que o seu carro quebrou, está recebendo um cliente feliz que tem dinheiro e quer gastar. Outra coisa cansativa e chata é você ficar tanto tempo para entrar num país e logo em seguida começar a ser parado por todos policiais rodoviários quando olham para a placa do seu veículo e veêm que você é estrangeiro. Os postos de combustíveis da Argentina são parecidos com o do Brasil, você chega para comprar um produto, vai pagar por ele e parece que estão lhe fazendo um favor. As vezes tinha que ir buscar o frentista, pois parava o veículo junto a bomba e o frentista não vinha atender, outra coisa era ter que ficar explicando ao frentista que no Brasil os carros licenciados para uso de GNV não possuem licença fixada no para-brisa para poder abastecer. Até nas centrais de turismo vi funcionários aborrecidos e com a cara amarrada, quando ali ele tinha que estar sorridente, independente dos seus problemas pessoais, pois a profissão pede isto. No Centro de Turismo de Colón, Argentina, fomos atendidos friamente por uma funcionária que mais parecia uma policial de fronteira, parecia até que a qualquer momento ela pediria nossos documentos para verificação. Felizmente isto só ocorre em alguns serviços, fora isto o povo Argentino é muito amável, a rivalidade pelo visto está apenas no futebol. O povo Chileno é tão amável e hospitaleiro que é difícil descrever.


Aduanas
        Há décadas o mundo descobriu que o turismo é o investimento número um, a ponto que muitas cidades vivem muito bem apenas do turismo, no entanto países como Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Peru ainda não acordaram para este investimento. Normalmente nenhum turista viaja se estiver “duro”. O turista está com dinheiro para gastar e quer gastar, mas quando você chega às aduanas destes países você vê o pouco caso que os funcionários fazem com o turista e, em muitas vezes, são grosseiros parecendo que estão lidando com criminosos, isto sem contar na demora nos atendimentos, razão pela qual você fica horas retido para nada, em localidades com péssimas infra-estrutura. Quando digo para nada é porque em todas as aduanas se estivéssemos transportando drogas, armas ou contrabando atravessaríamos  tranquilamente. Então se não revistam 99,9% das pessoas e seus veículos que ali passam por que então tanta morosidade quando verificam apenas dados pessoais e do veículo? É revoltante principalmente quando você vê crianças ou idosos dentro de carros sob temperaturas extremas. Vimos isto em todas as viagens que fizemos por estes países e aprendemos que a melhor coisa a fazer é ser “seco” e reclamar, reclamar muito, claro que sem desacatar o funcionário. Quando eles percebem que você não é bobo e que briga pelos seus direitos reclamando para quem estiver perto ouvir, eles procuram se livrar rápido de você, como por exemplo, na segunda viagem em 2011 quando estávamos saindo do Chile pelo túnel Cristo Redentor. Levaram uma hora e meia para liberarem um carro que estava na nossa frente ocupado por três suíços. Quando chegou a nossa vez, vendo que não parávamos de reclamar exigindo mais respeito e consideração, nos liberaram em 20 minutos, mas no final levamos uma hora e meia desde o momento da chegada na aduana até a saída e só não foi mais demorado devido as nossas reclamações.
     O Brasil também precisa melhorar muito no que se refere a turismo, mas pelo menos as aduanas brasileiras nas fronteiras com estes países funcionam de maneira mais coerente, sem tantos entraves burocráticos retendo os turistas por muitas horas.
     É hora dos governantes destes países acordarem e melhorarem as condições em suas Aduanas. Contratem mais funcionários, invistam mais em treinamentos, em equipamentos e fiscalizem as atuações desses funcionários, afinal gastar em turismo não é despesa é investimento com excelente retorno líquido e certo em curto prazo.